Cuidar do que come, do que sente, do que ouve, do que inala, do que vê. Os cinco alimentos em igual importância de que o corpo precisa. Por essa razão todos deveriam preocupar-se a encantar os sentidos de modo a purificar e renovar as células do corpo. Por essa razão viajo a cada três meses.
Sou uma turismóloga exigente (minha primeira formação), a agente de viagens dessa casa (sou eu que decido o caminho) e uma turista complexa: Não gosto de lugar onde todo mundo vai; Não gosto de lugares cheios; Viajo em busca do silêncio, quase solidão, permitindo apenas a companhia agradável do meu consorte que é caladíssimo (eu falo muito, mas em viagem dificilmente se escuta minha voz); Só viajo para lugares onde sou extremamente paparicada, pois se já não estarei em companhia amorosa dos meus pais e parentes a fazerem-me as vontades, só gasto meu dinheiro onde serei recebida não como se me fizessem um favor e não com a simpatia obrigatória...oh não, não...disse-lhes que eu era complexa! O lugar tem que ter montanha, tem que ter magia, poesia em tudo que se vê e tem que me receber com afeto espontâneo. E eu nunca, nunca erro na escolha do lugar. Hospedo-me apenas onde tem alma.
Desejo esse lugar desde o ano passado. Estudo ele minunciosamente (eu disse estudo no seu significado mais verdadeiro), sei a história do lugar, da família e de tudo o mais que isso envolve.
A casa é do século XVIII, a história é ainda mais antiga. Da mesma família há 50 anos e só em 2002 abriram para visitação. Pouquíssimos hóspedes por vez. Os donos recebem como se fossem amigos à longa data. Estourando vinte pessoas (dei sorte, nos dois primeiros dias éramos seis, depois ficamos apenas eu e Beto), o que torna o lugar exclusivo, exatamente como eu gosto. Quando viajo, meus amigos, não quero ver gente porque eu aprecio ter longas, longas conversas com Deus.
Abri exceção a trocar mensagem apenas com uma amiga (e provo a ela, quanto ela tornou-se importante em minha vida, essencial) e li com dificuldade alguns textos maravilhosos e emocionantes de aniversários nas raras vezes que me aventurei a ficar com o celular no alto da minha cabeça para buscar conexão. Lerei um por um por todo o dia de hoje. Cheguei ao Rio. E deixei Minas como se tivesse deixado um braço lá, deixei com dor: O rio, o lago, a cachoeira, as montanhas, o verde, a tangerineiras, os Jequitibás, o cheiro do gado, os mugidos, o café passado na hora, as comidas que pareciam feitas por minha mãe, o doce de leite tão igual da minha mamizita que fez-me chorar. Minas Gerais é tudo para mim.
Paz e Luz!
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