sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Dia 908- Sobre ficar na Bahia...



Sabe aquela postagem: "Meu rei. tô indo, que não aguento mais Salvador", da revista exame que está a circular por aí?
Fico cá pensando com meus botões... não há medidas que possamos fazer? Ir embora é mesmo a solução? Pois entendo a frustração. E alto lá, não me chame de hipócrita, mudei por transferência do consorte, não meu! Réu confesso, veio mesmo à calhar, precisava mesmo na ocasião mudar, mas por razões outras, de história longa e triste. Não vem ao caso.
É que acho tão bonita a defesa sincera e o amor pelo Rio que o carioca tem. Até quem não é carioca, tem! O Rio vive em guerra, corrupção aqui é dentro da normalidade (ora pois se a malandragem carioca que tanto se orgulham, não são formas de corrupção?!), prédio desaba, árvore voa, bueiro estoura, turista é roubado de todas as formas- do cafezinho na esquina ao que mais tiver, ninguém tá nem aí pra você (te vira) e o aluguel? (putz, nem te falo!)...
Mas é que tem o outro lado... aproveitam cada praça, muito lazer de graça, sai de casa com roupão para a hidroginástica, entra no mercado de sunga, pode ir de havaiana na joalheria que irá ser bem tratado (pois aqui se sabe que roupa não define riqueza), tem uma infinidade de cursos, pode sair de burca que ninguém te olha estranho (tem dia que saio de Alladin e ninguém me nota), transporte funciona, táxi é mais barato, os bairros são independentes uns dos outros, você não precisa sair do bairro pra quase nada, tem floresta no meio da cidade, um monte de intelectuais e cabeças pensantes, umbanda e candomblé tem em cada esquina e seus participantes muito orgulhosos honram o branco que vestem, jovem vai pra praça para tomar caldo de cana e apreciar o chorinho, carnaval é para recém-nascido a idoso brincar, à depender do bairro vive como num interior dentro da cidade grande, tem cidades com paisagens diferentes e uma mais bonita que a outra... deve ser por isso que a gente ama tanto o Rio...
Salvador precisa de educação é verdade. Mesmo àqueles do Colégio São Paulo, Sartre, Antônio Vieira, Sacramentinas... são muito provincianos. Perdão. Eu posso falar de minha terra, pois me deixem. Lembro de um amigo que quando mudei de profissão e disse que agora sou Iridologista, ele respondeu: "Está fumando maconha?". Um fisioterapeuta muito estudado, mas de cabeça quadrada, como toda essa gente que precisa se empetecar dos pés à cabeça para ir ali no Salvador Shopping para gastar o que não tem ou tudo que tem, para manter a aparência de rico (as aparências são coisas de muito valor por lá). Baiano tem vergonha de terreiro. Não assume não; jura de pé junto que é católico. Baiano é quase francês! (uma dificuldade menino em aceitar outra culinária que não seja vatapá, caruru... restaurante finlandês não cresce lá não, fio... e se nasceu loiro ou tem sobrenome estrangeiro... (vixe, tú sabe, o cabra vai ser super estimado, sangue azul, né?!). Baiano é caprichoso (eu defendo), mas é povo besta, quase beirando à arrogância.
Ora pois, na terra de Caetano, Gil, Bethânia, João Gilberto. Tom Zé e tantas cabeças pensantes, mais pensantes que muitos daqui, tem aí que eu sei brilhantismo à beça para movimentar esse mundo lindo cheio de potencialidades que é a Bahia.
Eu sei... o buraco é mais embaixo e a questão é política. Adivinha? Aqui também! Oxe, no Brasil inteiro! Mas se cada um lavar sua calçada...
Ainda que longe, eu ajudo a Bahia. Vamos fazer mais? Fujam não. Talvez um dia eu volte e aí quero viver não em terra de ninguém, mas terra de gente que conheço, que puxa pelo braço para dar informação, que leva pra casa pra jantar, que gosta do outro que nunca viu, que faz graça com tudo e não foge pra nunca mais voltar.
Como diz meu amigo Tom: A questão não é amar a Bahia, mas como podemos provar isso?
Paz e Luz!
Foto: Taipus de Fora, Maraú, Bahia (limpa assim, claro!)

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