domingo, 6 de julho de 2014

Dia 669- A cristaleira

A cristaleira
Foi numa tarde quente em Brumado, ainda criança, que ouvi as conversas, daquelas feitas quando o calor afasta qualquer passeio e quando os humores ficam mesmo piores por conta dele. Falavam da minha genitora. Algumas tias ocupavam- se em exaltar seus erros, esquecendo- se (?) que eu estava lá. Afastei- me. Não era bom escutar, mas mesmo de longe, ainda dava para ouvir uma ou outra coisa. Louca. Irresponsável. E outras palavras que não ouso dizer aqui. A cristaleira grande da minha avó, me distraía ... e olhando todos aqueles jogos de bules, xícaras e taças e toda a beleza delas faziam- me sonhar um sonho que naquela época não parecia ser meu. Lembro bem, que eu pensava por quê Deus deu- me duas mães, quando bastava- me apenas uma que ninguém dissesse coisa alguma, eu pensava... E que um dia, eu iria me casar, iria morar bem longe e não passaria mais por nada disso e ah! Que eu também teria uma cristaleira!
Hoje, arrumando a minha própria cristaleira, penso que um anjo muito bom escutou todas aquelas preces e o mais engraçado é que muitas daquelas peças que me salvaram de passar a vergonha de deixar que o choro preso na garganta saísse na frente daquelas senhoras, estão agora comigo, provando que há certas vantagens em ter duas mães (que vão muito além da herança dobrada, razão por estar com as peças! ), mas eu tive o dobro do aprendizado e de bênçãos. A presença dessas peças aqui é a certeza, de que nunca estive só e que Deus me escutava, desde sempre!

Paz e Luz!
Ana

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